A Sra.Georgina e o Sr. George, era um casal que se compreenderam, eles tinham sua própria língua. Ela foi professora de pintura e ele era pintor de parede. George tinha aparência banal, ele era reservado, Georgina pouco falava,ensinava os traços e técnicas aos alunos. Eles viviam ás duras penas em seu apartamento, sem filhos, pode-se imaginar que o problema era estritamente de George.
Então o casal exemplar, já com tempo e idade de aposentarem, foram aos seus devidos departamentos e pediram aposentadoria, todos auxílios foram descontados, foi uma lástima. Eles tiveram que sobreviverem com uma parca renda. O Sr. George de tanto abrir a janela e engolir poeira foi fincando mais calado, olhava às paredes querendo murmurar ou cantar "borbulhas de amor". O ar que entrava naquela casa era pesado, a Sra. Georgina adentrava para o seu quarto e começava a dar aula para uma parede: Olha, para que o desenho sobressaia, tem que apoiar a mão e arrastar o lápis com firmeza. na técnica de pastel esfumaça e é o mesmo processo. Olhava para outra parede e falava com brandura: Para pintar com a tinta Acrylic que leva água, tem que ser rápido, pois a tinta seca logo. Se Leonado Da Vinci tivesse alcançado a tinta Acrylic da Acrilex, não teria deixado poucos quadros. Leonado Da Vinci pensava muito rápido e sua mão não acompanhava seu raciocínio, naquela época só existia a tinta óleo. Ela, saiu do quarto em passos lentos e, abriu a porta da cozinha, começa a falar com a porta: O mundo esta de cabeça para baixo, os valores invertidos, todos mentindo, trapaceando os trabalhadores honestos, porta sei que nunca vai me bater, então confio em vc. Olhava para sua máquina de lavar roupa, minha amiga não faz mais barulho, não lava minha roupa e do meu esposo, não posso comprar outra, não tem no comércio que está quase falindo. Georgina encostou a porta preguiçosamente, ouviu um barulho, foi até a sala, numa poça roxa estava seu esposo sem vida. Ela abriu a porta da sala e começou a gritar: Tudo nesta vida se paga, como vou pagar o caixão, mortalha e cova para enterrar meu esposo Senhora?
Conhecer e horror deve ser uma dupla morte.
Varenka de Fátima Araújo
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
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O casal que parecia feliz.
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Nossa, que texto! Estava à procura de novos blogs e muito bom tê-la encontrado! Parabéns! Beijos
ResponderExcluirComo gostei muito do seu texto estou aqui a enviar-lhe um grande abraço desejando do coração que estas histórias não se repitam. Mas como podemos garantir isso se o mundo está tão cruel. Um abraço carinhoso, Maria
ResponderExcluirMuito bem escrito, mas tão triste... Fiquei aqui pensando quantos idosos passam por momentos parecidos. Bj amiga.
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