sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O coral da passarada


Tarde ensolarada de fevereiro,  pouco vento. Estava marcando para o final de tarde o casamento do casal de pombos-correio, com toda pompa, o coral composto por uma passarada reluzente e esplendorosa,  com um repertório vasto e variado,  sob a regência do famoso maestro urubu.
Antes do casamento,  como é de praxe, o maestro urubu foi realizar o ensaio geral  com os admiráveis: bem-te-vi no seu estidula. o beija-flor a ciciar, o falcão pia e o gavião guincha,  todos no mesmo tom. O maestro continua empolgado regendo,  com sua asa aponta para o perdigão que carcareja, o pavão no mesmo tom pupila,  o condor crocita. No tom agudo estava a cigarra a ziziar e a andorinha a chilear. Quando o galo com rara potencialidade vocal cantou, toda passarada vibrou. O sabiá sentiu-se ofendido dizendo:
- Para,  para,  tenho uma voz afinada fiz canto no conservatório na floresta do Amazonas,   faço questão de ficar em destaque no coral.  O maestro urubu surpreso apontou para o sabiá:
- Sei do seu aprimoramento na técnica vocal do seu talento,  mas o galo cantou hoje divino, vai ser destaque nesta  cerimônia .
O  sabiá:
-Então não canto.
 O assun preto interveio,  colega tem dia que nosso gogó está limpo,  outro dia está desafinado,  tente acompanhar as notas musicais e junte a nós neste dia em harmonia,  para fazermos uma bela apresentação no casamento do amigo pombo-correio que já levou tantas mensagens de amor.
O  sabiá:
 -Não e não.  Retirou-se zangado.
 O maestro:
  -Todos em  suas posições,  está na hora do nosso show.  Quando o galo fez o solo foi ovacionado.  O coral ficou em evidência e com a agenda lotada.
Pobre sabiá ficou de fora e morreu de tristeza.

Varenka de Fátima Araújo
27 de fevereiro de 2011

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