SELMO VASCONCELLOS – Porto Velho, RO.
ENTREVISTA HISTÓRICA Nº 116 - 28 de JUNHO de 2013.
Entrevistado por DENISE MORAES (artista plástica e poetisa, Vitória, ES).
PEQUENA BIOGRAFIA
Selmo Vasconcellos
Nasceu em Bangu, Rio de Janeiro, RJ (6 de outubro de 1951) e reside em Porto Velho/ RO, desde 1982. Casado, pai e avô.
Administrador – CRA/RO – Nº 028, 1984.
Editor de cultura, divulgador cultural e escritor (poesias, contos e crônicas).
*42 Prêmios Nacionais (RJ, GO, SP, DF, SE, MG e RO)
*22 Prêmios Internacionais (EUA, Grécia, Espanha, Canadá e China).
*Membro de 26 Entidades Culturais (Brasil, Portugal, EUA, Espanha e Grécia).
*Participação em Periódicos Literários e Antologias (Brasil, EUA, França, Bélgica, Grécia, China, Itália, Venezuela, Romênia, Macedônia e Espanha).
*NOTA: Os prêmios nacionais e internacionais, convites para entidades culturais, publicações poéticas nos periódicos literários e participações em antologias, gentilmente como convidado e sem qualquer tipo de ônus. Acredito que por retribuição ou carinho mesmo.
ENTREVISTA
DENISE MORAES - Quem é Selmo Vasconcellos?
SELMO VASCONCELLOS - Cidadão comum e que prega a honestidade e a lealdade. Que pisa no chão, anda de cabeça erguida e acredita em Deus, Anjos e Santos.
DENISE MORAES - É deveras um incansável divulgador cultural, porém é discreto com relação ao seu trabalho, ou seja, à sua produção poética. Não faz alardes sobre si. Comente sobre essa sua postura.
SELMO VASCONCELLOS - Concordo plenamente com você, sou discreto demais. Tenho trabalhos engavetados. Mas me sinto muito bem à vontade no trabalho de divulgação cultural.
DENISE MORAES - Diga seu pensamento sobre a Felicidade. O que é para você tal coisa?
SELMO VASCONCELLOS: -
A felicidade não está na riqueza
Nem na pobreza
Está dentro de nós mesmos.
DENISE MORAES - Tem ideia, mesmo que aproximada, de quantos escritores e poetas já divulgou em suas andanças pelas páginas literárias que assinou?
SELMO VASCONCELLOS - A página impressa e semanal Lítero Cultural (a primeira página em 15 de agosto de 1991 e a última em 4 de julho de 2012 – 1115 páginas), um total de 2700 colaboradores em todo o Brasil e mais 37 países.
DENISE MORAES - Quais as suas outras atividades além de escrever?
SELMO VASCONCELLOS – Exercendo minhas atividades administrativas e culturais na Casa da Cultura Ivan Marrocos/FUNCER.
Servidor Público Federal Aposentado (Administrador) desde 6 de março de 2024.
DENISE MORAES - Como surgiu seu interesse literário?
SELMO VASCONCELLOS –:
Aos 9 anos, li o meu primeiro livro infantil “O Homem que dormiu 20 anos”, não lembro o nome do autor.
No início da minha adolescência (11 aos 16 anos de idade) eu lia os seguintes escritores: Monteiro Lobato, Érico Veríssimo, Leon Eliachar, Sérgio Porto (Estanislaw Ponte Preta), Júlio Verne, Erich Von Daniken, Malba Tahan (prof Júlio Cesar de Mello e Souza) e alguns outros. Todos os livros emprestados pela Biblioteca Municipal dos bairros Bangu e Campo Grande no Rio de Janeiro.
Surgiu bem no início dos anos 70 - maravilhoso período de Paz & Amor, jovens rebeldes bem críticos e esclarecidos, Festivais da Canção com universitários compondo belas músicas da MPB, Rock em alta criatividade (principalmente ouvindo Led Zeppelin), Woodstock (marcante), jornais independentes, alternativos, marginais, mimeografados etc.
Voltei com força total em 1984 e estou até hoje nessa estrada literária.
DENISE MORAES - Quantos e quais os seus livros publicados?
SELMO VASCONCELLOS -:
1-Rever Verso Inverso (Poesias, Contos e Crônicas) - 1991
2-Nictêmero (Poesias, Contos e Crônicas) - 1993
3-Pomo de Discórdia (Poesias) - 1994
4-Resquícios Ponderados (Poesias) - 1996
5-Leonardo, Meu Neto (Antologia com 86 participantes) - 2004
6-Qual a Importância da Biblioteca para você? (94 depoimentos de escritores) - 2013
7-Eternos Elos (Poesias para Selmo Vasconcellos – Homenagens) - 2014
8-Histórico Literário (Selmo Vasconcellos (1990 – 2015) - 2016
9-POESIAS (PORTUGUÊS – FRANCÊS) - 2016
10-POESIAS (PORTUGUÊS – INGLÊS – ESPANHOL) - 2015
11-POESIAS (PORTUGUÊS – ALEMÃO – ITALIANO) - 2018
12-Memoráveis Entrevistas (16 entrevistados) - 2020
13-Memoráveis Participantes da Página Momento Lítero Cultural (Antologia) - 2021
14-Servido Por Muitos Caminhos (Poesias) - 2020
15-Enfim, Estou Livro (403 Poemetos) - 2024
16-Leonardo, Meu Neto (Antologia atualizada – 2ª Edição, com 88 participantes e 86 depoimentos) - 2025
Livretos independentes e artesanais (poesia):
1-Morde & Assopra e suas causas internas e externas (1999),
2-Desabafos, em memória do cantor de Rock Roy Orbison (2003),
3-POESIAS (PORTUGUÊS – JAPONÊS - tradução de Miyuki Endo, Tóquio, Japão – 2003.
4-POESIAS (PORTUGUÊS – RUSSO) - tradução de Adolf P. Shvedchikov, Moscou, Rússia – 2003.
5-POESIAS (PORTUGUÊS – GREGO) - tradução de Marina P. Zografou, Atenas, Grécia – 2003.
6-POESIAS (Selmo Vasconcellos) e ILUSTRAÇÕES ( Pat Kovacs ), 2003.
7-Revista Antológica “Membros da Galeria dos Amigos do Lítero Cultural” (Histórica) – nº 01, abril/ 2005.
8-Revista Prisma Cultural – (001 a 008) – 2014 a 2017
POESIAS PUBLICADAS EM REVISTAS E JORNAIS INTERNACIONAIS:
Português / Polonês – Bogumil Wtorkiewicz, Kielce, Polônia
Português / Italiano - Domenico Defelice, Roma, Itália
Português / Chinês - Zhang Zhi, Chonqing, China
Português / Inglês – John Misset , Liverpool, Inglaterra
Português / Romeno - Nadia-Cella Pop, Brasov, Romênia
Português / Macedônico - Jozo T. Boskovsk – Escópia, Macedônia – Livro – 2004.
DENISE MORAES - Qual (is) o(s) impacto(s) que propicia(m) atmosfera(s) capaz(es) de produzir literatura?
SELMO VASCONCELLOS – Ora com silêncio, ora ouvindo um rock nostálgico. Mas na maioria das vezes é na rua mesmo. O importante é estar munido de uma caneta e um caderninho (sou raiz, risos)
DENISE MORAES – Este interesse literário, pelo que podemos constatar, vem de família. O seu tio, o escritor José Mauro de Vasconcelos e do seu pai (Totoca), o qual deixou muitos escritos. Fale-nos sobre esta herança cultural que está nas veias.
SELMO VASCONCELLOS – Herança só de sobrenome Vasconcellos. Aconteceu mesmo em Rondônia em 1985, quando o meu coeditor das páginas impressas e semanais “Prisma Cultural” no jornal “O Guaporé” (1990/1991) e “Momento Lítero Cultural” no jornal “Alto Madeira” (1991/2005)), compadre e parceiro também em livros o saudoso José Ailton Ferreira “Bahia” (faleceu em 21 de setembro de 2005) que trabalhava em Porto Velho e foi fazer um trabalho pelo Governo Estadual no município de Ouro Preto do Oeste onde eu residia e trabalhava na Prefeitura.
DENISE MORAES – Suas poesias estão traduzidas em vários idiomas?
SELMO VASCONCELLOS – É a retribuição dos poetas do exterior em relação a minha divulgação das poesias deles nas saudosas páginas literárias impressas onde editei por longos anos (1990 a 2012).
DENISE MORAES – Quais os escritores que você admira?
SELMO VASCONCELLOS – São tantos os vivos e muitos deles colaboradores da página impressa Momento Lítero Cultural. Citarei apenas os saudosos colaboradores: Eno Teodoro Wanke, Aníbal Beça, José Ailton Ferreira ‘Bahia’, Artur da Távola, Afonso Félix de Souza, Joanir de Oliveira Reynaldo Valinhos Alvarez, Cecília Fidelli, Gilberto Mendonça Teles, Olga Savary, Neide Archanjo, Neusa Zanirato, Tânia Diniz, Irineu Volpato, Ilma Fontes, Eunice Arruda, Nilto Maciel, Jack Rubens, Enéas Athanázio (recentemente falecido) e alguns outros. E não colaboradores da minha página literária e eternos: Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, Pablo Neruda, Florbela Espanca, Mário Quintana, Cecília Meireles e muito mais alguns.
DENISE MORAES - Há muitas homenagens dedicadas para preservar a memória do escritor. No entanto, não há uma matéria específica na mídia com os familiares, eternizando a memória do autor no lançamento do filme. Não seria uma injustiça com o próprio escritor?
SELMO VASCONCELLOS – O vínculo maior de Zemauro era apenas com o meu pai (Antônio Vasconcellos – Totoca). Eram muito amigos, muitos unidos. José Mauro ouviu muitas dicas do meu pai (principalmente as que ocorreram nos anos 20 em Bangu), na sala da nossa casa.
Meu tio tinha um carinho enorme com a mãe dele, Estephânia. Que morou nos nossos lares nos bairros de Bangu e de Campo Grande, RJ, até o fim da vida dela.
DENISE MORAES – José Mauro de Vasconcelos teve várias profissões, abandonou o curso de medicina e não concluiu vários outros cursos e morou em alguns Estados do Nordeste e no exterior. Dessa forma, com sua sensibilidade aflorada, passou para a literatura as suas vivências. No que podemos observar, há uma referência entre você e o seu tio: Escritor, defensor da natureza e dos índios. Foi a convivência, ou está no sangue mesmo?
SELMO VASCONCELLOS – Convivência e vínculo literário eu tive com o meu pai que era um grande contista e cronista.
Do meu tio, tinha uma enorme admiração pelos seus livros. Principalmente o livro Rosinha, Minha Canoa. Tenho todos no meu acervo.
DENISE MORAES – Ao assistirmos uma peça teatral com a atriz Eva Vilma no Teatro Carlos Gomes, aqui em Vitória/ES, posamos para umas fotos, e minha irmã mencionou a Jandira do Meu Pé de Laranja Lima. Percebi que a atriz se comoveu ao relembrarmos a sua personagem e muito mais além. Poderia explicar sobre essa emoção ao relembrar o autor, que também foi ator e trabalhou com a atriz em alguns filmes?
SELMO VASCONCELLOS – A lembrança maior que eu tenho do meu tio, foram os livros Banana Brava, Vazante, Longe da Terra, Arraia de Fogo e Arara Vermelha. As primeiras presenças dele na minha casa foram nos anos de 1958 e 1959, minha infância, no Bairro de Bangu, RJ.
DENISE MORAES - Qual a mensagem de incentivo você daria aos novos poetas?
SELMO VASCONCELLOS – Tá inspirado(a)? Então escreva.
Enriqueça seu vocabulário lendo vários autores.
Aceite a crítica e a revisão de quem realmente entende.
FAÇA DOS LIVROS E DOS PROFESSORES OS SEUS MELHORES AMIGOS.
MATA
Hoje me matas
violentamente
com este machado.
Mas,
amanhã, das minhas flores
te farão uma coroa,
do meu caule
tua urna mortuária.
Aí sim,
irás ao encontro
da minha raiz.
Eu te esperarei lá embaixo.
****
TIBETE
Mundo longe
Mudo monge
****
Primavera
Hibiscos vermelhos floridos
Punhados de beija-flores.
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Abelha
se consola
na flor artificial.
***
Animais
no zoológico,
nada lógico.
***
Que pena
Apoena
Apenas
poema
***
Indígena,
Brasil
da gema.
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Borboleta
de bacana
na área urbana.
****
Amor ata
No mar
Na mata
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Amor puro
No claro
No escuro
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Nosso amor
Não é rotina
É retina
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Somos
Sonos
Sonhos
Só Nós
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TEMA DE LARA
( Filme Dr. Jivago )
Quando o amor
começa branco,
é porque
branco vai ser o amor.
Branco é neve,
é leve,
é Lara.
Um amor revivido que não para.
Amor, laço
Amordaço.
Beijos com uva.
na melhor tarde de chuva.
Vela perfumada,
acesa ela,
acesa amada.
Incenso,
e a ti pertenço.
Doce era,
Erva doce
Vermelho vivo,
rutilante,
excitante,
marcante.
Vivo vermelho,
na medida que avanço,
nada causa, nada cansa.
Amarelo,
se quero?
Quero.
O mais puro,
o mais belo.
Amar... elo
Amarelo Van Gogh
Azul,
encontro do Norte com o Sul.
Verde-água, atração.
afogado de paixão.
Rosa alegria,
numa noite
nem a folha se movia.
Lembrança, saudade.
Permaneço, Piedade.
( 8 de maio de 2006 )
OBS: Selmo Vasconcellos fez minha entrevista que esta mais embaixo nesta mesma pagina.
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