sábado, 7 de março de 2020

À morte nos rouba para sempre

Quando fui morar no Beco do Mingau, tinha como vizinha do lado esquerdo um casal, era a Pecilia casada com Manuel, discreto e acolhedor, ela era aposentada da UFBA, ela era aposentado da Marinha,o Sr. Manoel ficava na janela esperando meu filho voltar da escola, chamava meu filho de VIdinho. O casal vivia viajando para Europa. Sabia um pouco da vida deles, mas não sabia que tinha muitas posses.Em uma última viagem deles, Pecilia voltou sozinha, perguntei por seu esposa, ele me confessou que ele tinha falecido e, tinha sido enterrado no Rio de Janeiro. Fiquei estarrecida, a morte sempre me rouba os melhores. Tive de ir morar no Bonfim, mas fazia visitas para minha amiga, já tinha passado a ditadura, o Beco começou ser povoado por muitos bares, Pecilia muda de endereço e, não deixou rasto.Ela era filha de escravos, pouco falava da sua mãe, que já era falecida, sua família era de Aracaju.
Hoje, na clinica encontrei uma aposentada da UFBA, falei da mulher sábia que era Pecilia, foi a outra colega que me comunicou que Pecilia já não estava aqui, tinha partido e que a sua fortuna outros espertos tinham ficado e, fomos desvendando, como é fácil os desconhecidos se apossarem dos bens. Então, distribuam em vida, assim, já fiz.

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