Lembranças da vó Aurora
Aurora Araújo, minha vó mais uma mãe que tive até meus 17 anos, quando partimos para Salvador, vó não quis vir conosco, preferiu ficar em Juazeiro do Norte para um dia ser enterrada junto dos seus Araújo.
Desde pequenina vó Aurora morava em nossa casa, ela perdera a luz, que nos guia, uma certa tarde começou a sentir dor na testa, que evoluiu para cabeça e, passara a noite com dor, quando surge o dia só um escuro, minha vó tinha perdido a visão, o diagnóstico não foi dado, não tinha médico na cidade, vó era resignada nunca tocava no assunto e, não blasfemava, quando ia sair colocava um óculos escuro, eu pegava em sua mão e vamos nós.
Aurora, tomava conta dos cinco netos e da casa, quando mamãe viajava para vender roupas em outras cidades, vó era jogo duro, ela quando dava ordem se não cumprisse, colocava de castigo, eu sempre perto da vó, tinha verdadeiro amor por ela, de noite contava histórias, mas ficava atenta quando falava dos Araújo, fiquei sabendo que seu pai, João Araújo e sua mãe Maria Joda, tinham saído do Quilombo de Aracaju, Mãe Joda na burrinha e meu Bisavô a pé, caminhando chegaram na terra do Padre Cícero, construíram sua casa e família, sendo vó Aurora a primogênita, meu bisavô era açougueiro, valente, respeitado até por Padre Cícero, que um dia fez o convite para ele ser delegado, não pode, não sabia ler e escrever.
Mãe Joda conheci, era calada, pequenina, um doce de pessoa, partiu para o outro plano, não sabemos a causa.
Aurora tenho muitas lembranças, levava todos os domingos para igreja. Ela sorria muito com meu jeito, eu, sempre tive mulheres valentes do meu lado.
Quando recebi a notícia do falecimento da Aurora altiva e valente, saí de casa e dei mil voltas no Campo Grande, era preciso parar de sangrar aquela dor.
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