sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Meu pai Chaguinhas

Estão vendo,como eramos parecidos.



O meu querido avô


O meu querido avô, Francisco Chagas de Araújo, teve formação seminarista - foi um quase padre. Digo quase pois se encantou com a beleza radiante da minha - então moça - avó. 
Educou os seus filhos generosamente.
Acarinhou os seus netos esbanjosamente. 
De quase padre, tornou-se ateu e comunista: carregava consigo sempre a boina e a blusa do tal Guevara - o seu Che. 
Deu nomes aos seus filhos: de 
Fátima, Andaluz, Amazonas, Tocantis, Guevara. 
Na sua formação, aprendeu sete línguas. Ah... mas não é isso que me importa!: nos meus 20 anos com ele, nunca o vi pronunciar uma sequer palavrinha que não fosse da língua portuguesa - sua língua pátria mãe - e bem nordestinamente falando...! 
Meu avô era homem.
Meu avô sim é que era homem de verdade!
A sua postura forte e grave o acusa. 
Quando saia, carregava carinhosamente e educadamente uma peixeira consigo na cintura. 
Meu avô tinha coisas que eram só dele. Meu avô amava as crianças. 
Meu avô era homem bravo, mas não ladrava! 
Meu avô era nordestino cabra macho, mas não ladrava! 
Meu avô protege. Meu avô era delicado e compreensivo como se deve ser um homem.
Chagas dava a cena e entrava em cena na hora certa. 
Chagas é sulamericano. 
Meu avô tinha uma eternidade no olhar que o fazia humano de verdade.
Ah, meu avô! Ah, meu Chaguinhas! Se todos fossem iguais a você!
Sua presença irradia e deixou belas marcas. 
Chaguinhas, o teu nome é só saudade!

Olga Amazonas

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