Tarde ensolarada de fevereiro, pouco vento. Estava marcando
para o final de tarde o casamento do casal de pombos-correio, com toda pompa, o
coral composto por uma passarada reluzente e esplendorosa, com um repertório
vasto e variado, sob a regência do famoso maestro urubu.
Antes do casamento, como é de praxe, o maestro urubu foi
realizar o ensaio geral com os
admiráveis: bem-te-vi no seu estidula. o beija-flor a ciciar, o falcão pia e o
gavião guincha, todos no mesmo tom. O maestro continua empolgado regendo, com
sua asa aponta para o perdigão que carcareja, o pavão no mesmo tom pupila, o
condor crocita. No tom agudo estava a cigarra a ziziar e a andorinha a chilear.
Quando o galo com rara potencialidade vocal cantou, toda passarada vibrou. O sabiá
sentiu-se ofendido dizendo:
- Para, para, tenho uma voz afinada fiz canto no
conservatório na floresta do Amazonas, faço questão de ficar em destaque no
coral. O maestro urubu surpreso apontou para o sabiá:
- Sei do seu aprimoramento na técnica vocal do seu talento, mas o galo cantou hoje divino, vai ser destaque nesta cerimônia .
O sabiá:
-Então não canto.
O assun preto
interveio, colega tem dia que nosso gogó está limpo, outro dia está desafinado, tente acompanhar as notas musicais e junte a nós neste dia em harmonia, para
fazermos uma bela apresentação no casamento do amigo pombo-correio que já levou
tantas mensagens de amor.
O sabiá:
-Não e não. Retirou-se zangado.
O maestro:
-Todos em suas posições, está na hora do nosso show. Quando o galo fez o solo foi ovacionado.
O coral ficou em evidência e com a agenda lotada.
Pobre sabiá ficou de fora e morreu de tristeza.
Varenka de Fátima Araújo
27 de fevereiro de 2011
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